Viver uma vida feliz no casamento
é uma missão que exige o esforço pessoal do casal. A culpa pelo fracasso é 50%
de cada um, assim como as glórias do sucesso da relação. Ser grato e saber
perdoar são estratégias eficazes para se atingir um estado de felicidade.
Entretanto, não podemos viver a ilusão de que alcançaremos uma vida sem
problemas. Temos problemas e adversidades em todos os aspectos e etapas de
nossas vidas e no casamento não seria diferente. Por isso é importante não
idealizar demais o companheiro ou a companheira, vendo nele ou nela a personificação
perfeita dos seus melhores desejos de satisfação.
Cada casal, ao longo dos anos de
relacionamento, vai desenvolvendo seu código próprio de convivência. Aquilo que
cada um pode fazer ou não pode fazer dentro da relação. A isso podemos chamar
de código de lealdade. A fidelidade é um termo que possui origem no latim fidelis, que significa uma atitude de
quem é fiel, de quem tem compromisso com aquilo que assume. No casamento,
pode-se prometer fidelidade ao compromisso assumido no dia da cerimônia, diante
dos amigos, familiares e padrinhos. As fotos ficam maravilhosas com a beleza e
o sorriso do casal, porém as responsabilidades que o casamento impõe nem sempre
farão os noivos sorrirem sempre.
É preciso entrega dentro do
casamento. A mulher precisa viver como esposa e o homem como esposo,
reordenando sua conduta e até mesmo a maneira de tomar decisões. Um bom
casamento é aquele no qual o casal senta junto para fazer projetos e há confiança
na opinião do outro. O outro é agente de mudança em cada passo dentro do
relacionamento. Agir contrário a isso pode ser chamado de pequena traição.
As pequenas traições ocorrem de
modo natural e velado. Você não acha que está traindo. Quando o marido dá preferência
aos amigos e ao futebol é uma pequena traição sendo praticada. Quando a mulher
gasta além do orçamento e esconde esse fato do esposo também é uma pequena
traição. Isso é falta de fidelidade? Não. É falta de lealdade. Lealdade deriva
de legalis, que em latim se liga ao
conceito de lei. Esta palavra era usada para designar alguém em quem era
possível confiar e que cumpria as suas obrigações legais. Podemos entender como
alguém que atenta aos seus compromissos, demonstrando responsabilidade e
honestidade na execução de suas promessas.
A sociedade de hoje até facilita
as pequenas traições, como podemos ver nas redes sociais onde é fácil conhecer
pessoas novas e até marcar encontros casuais. Mas cometemos pequenas traições
quando nos esquecemos de que não estamos sozinhos e que alguém carrega uma
expectativa a respeito de nossa conduta. Um marido que trabalha demais e não
possui tempo pra família ou uma esposa que se dedica demais aos filhos e não dá
atenção ao marido são exemplos de traições que cometemos naturalmente e que não
pesam em nossas consciências. Mas nem por isso deixam de serem traições, mesmo
que pequenas.
A dica aqui é fazer uma revisão
de vida todas as noites ou pelo menos uma vez por semana, pensando nas atitudes
que temos e analisando suas consequências para nós mesmos e para aqueles que
nos rodeiam, principalmente para quem amamos. Sejamos felizes, mas sem egoísmo.
Essa é a lei do amor.
Autor padre Yuri Cruz,
escritor, teólogo,
palestrante
e terapeuta de casais.